terça-feira, 16 de agosto de 2011

Mundo bélico

Debaixo da minha vida há um muro de metal que me comprime as vértebras,
há ensaios, mas nunca realizações... há rabiscos do que tentei, há memórias que supus, delírio, culpa e sons afogados. Há desejo sem resignação. Há algumas multidões solitárias.

Não sei quantos anos foram suficientes para que o lado subterrâneo esgotasse sua capacidade. Minha consciência de sobriedade, de sobre-idade, de sob, de soledad(e) me engana quando pretendo pensar sem meus olhos, quando encubro meus mosaicos de dor, minha garganta cerrada, muda, sem cor - coleção adquirida após muitas derrotas e troféus de "nãos".

Invento promessas falsas a mim mesma, todos os dias, na tentativa de que os parafusos da razão rompam meu muro metálico. O som das marteladas me ensurdece mais e mais e percebo que, no fundo, me recuso a admitir que sou meu próprio engenheiro-opressor, construtor de sólidas barreiras mentais.

Engraçado... recuso-me a trabalhar até no inconsciente e, quanto mais insisto em desvelar, mais altos e frios se tornam os cercados do que sou, meu mundo bélico particular.

É que há tanta vida e eu não tenho comiseração...

Já é tarde e eu não posso ficar.

Carrego minhas estratégias de aço, meus tijolos e pedras, minhas desconstruções desesperadas... mas não há tempo... só necessidade e luta.

Queria ao menos um colchão mais alto, um sono mais limpo, uma coluna mais ereta... porque tenho medo do que há debaixo... porque tenho medo.