sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Relato de um dos meus dias...

O relógio anunciava a manhã.
Mais uma das várias manhãs que ela teria de enfrentar pelo resto de todas as manhãs.
Olhou para o tempo e deu-lhe de ombros, ainda com sono.
Ela deveria estar prestes. A manhã lhe esperava e os estudos também.
No entanto, as aulas de Direito Penal poderiam ter mais ritmo em seus sonhos incríveis.
Com a cabeça no travesseiro, estendeu o braço esquerdo e desligou o tempo. Não se sabe se o Direito Penal se fez presente em seus pensamentos; é provável que não. Os sonhos já não tinham importância. O objetivo era: não ter de acordar.

Infelizmente, o sol refletia em suas curvas, já suadas pelo calor matinal.
A obrigação gritava aos seus ouvidos.
Levantou-se, caminhou até o banheiro.
Antes de tirar de sua boca o gosto da noite, olhou para o espelho e viu o que não gostaria. O reflexo das olheiras era a prova de sua inútil tentativa. Cuspiu para fora de si todo o gosto da noite anterior e se fez bela para pagar a conta telefônica.

Tropeçou duas vezes. Suou como nunca.
O sol não a deixava esquecer que ainda era dia.
Enfrentou uma fila estranha.
As pessoas pareciam recém chegadas de planetas distantes do planeta em que ela pensava viver. O ar-condicionado trazia os arrepios.
Despediu-se da frieza do ambiente, saindo pela porta giratória. Quando pequena, adorava acompanhar a Dona Ilda até os bancos, somente para sentir-se girar.

Desceu os degraus de sua infância e retornou ao ponto de partida, assim como seu planeta fazia. Ao chegar no ponto, encontrou-se com uma simpática e loura senhora.
Ela estava lavando os novos degraus que a garota do banco teria de subir.

Cumprimentaram-se e três andares foram acrescidos à pequenina.

Essa foi a história de metade do meu dia. 11/04/05