domingo, 23 de setembro de 2007

Antes que comece o falso dia-a-dia
Meto-me uma bala!
Certa e útil melancolia de
Quem consente, ama e cala...

Poesia de sombra que me faz ausente
Silêncio triste do meu vazio de ar
Viaja comigo nesse trem descrente
Grita, maldita! És flor a murchar...

Murcha, pois, e deixa-me só
Tudo que há é um ser morto
Fez-me doente, verso em pó,
Das lágrimas, navio sem porto.

E eu que fui tão Milena
Não fui nada mais que fim
Sou mulher e sou pequena
Não sou nada sem mim.

Meto-me uma bala e adEUS!
Cessa todo um universo agora
Mundos somente meus
De inscontantes e tormentadas horas!

Bala da fuga e da saída
Dá-me o mel, mostra-me o caminho
Cura-me a ferida,
mãos e olhos de partida
Terra do sozinho!

Como é triste a despedida!


22/11/04