domingo, 23 de setembro de 2007

Eu sou uma ponte.
Tenho em mim dois caminhos e um abismo.
Sobre mim: o céu
Sob: Pessoas habitam abaixo do meu ser.
Elas são os meus desejos subterrâneos.
Têm fome, têm sede e são ignorantes de si.
Morrem silenciosamente, aos poucos, esses porcos do destino.
Eu sou uma ponte quebrada dessas que têm até placa: "Não se aproxime: Ponte quebrada."
E, ainda assim, têm uns tolos que insistem em me visitar de vez em quando.
A minha madeira está podre. O meu cimento rachou. Não sou útil e as pessoas não podem mais passar por cima de mim. Eu já não uno dois caminhos, eles continuam separados.
Permaneço imóvel no tempo e no espaço.
Se fosse Nietzsche, eu diria que gostaria de "pronfunda, profunda eternidade".
Como sou ponte, eu quero mesmo é o abismo!