domingo, 23 de setembro de 2007

Eu sou do tipo que pisca rápido e deixa para atrás o passado de olhos úmidos.
Deixo o cabelo cobrir a face para não mais enxergar o dilúvio da vida.
A minha vida é enchente cheia de gente. É água que cai do céu e corre pro mar, é vento que destrói casa pequena; é ruína.
Permitam-me, por favor, virar as páginas do livro aberto da vida.
Se me encerro, é porque desmorono.
A minha vida? O paradoxo do ser!A minha profissão? Iconoclasta!
Sou tamanho do que vejo... e daquilo que não se pode enxergar.
Tenho sede de alma, vontade de cego e tenho meus infinitos.
O erro da minha vida foi tê-la feito minha.
Mas eu vou casar comigo para ter filhos que saibam dançar.

Meu pensamento é tango nordestino que, com uma rosa na boca, gira, e nas cambalhotas da vida,vai de encontro com o salto mortal.

Minha verdade única é ser fumaça.
Eu sou como fumaça de cigarro aceso
Sugam-me as estranhas entranhas dos homens,
Tragam-me até meu último suspiro.
Depois, me deixam partir e me expulsam do peito.
E eu fico ali, ensaiando uma valsa,
me dissipando no ar que não me deixa esquecer que um dia já fui fumante.

Somos só nossos.

fev de 2005