domingo, 23 de setembro de 2007

Para aquele que nada tem de mestre

Protesto!

Recuso-me a encenar este estúpido papel que me é dirigido por impostas e falsas sentenças. Quero, aqui, como representante de uma minoria sem cor, falar apenas por mim, expondo a maior de todas as sentenças: aquela que impõe uma sanção ao réu. Hoje, o senhor é o acusado!

Caro professor, como pensa e quer que aceitemos seus gritos “histéricos”, de político inseguro, com a dosagem equívoca e transbordante do discursozinho barato sobre “como ser solidário”, se não somos os medíocres aluninhos que nada sabem da vida e que, segundo o senhor, nunca leram autores falecidos, só lixo?
Exatamente. Não aceitamos.

Saio de sua aula com a sensação de que aplicar o Direito é defecar. É isso! O Direito fede e precisa que seus excrementos sejam eliminados. O senhor é um deles! Com seu pseudo-conhecimento e arrojada pós-modernidade, nos trata como se fôssemos dementes e não nos dá sequer o direito do revide. Sim, sua aula é um soco no estômago. Mas confesso que é ali que aprendo o real significado da moral cristã e, conseqüentemente, do direitozinho de merda em que o senhor se faz tão mestre. É lá que aprendo e vivo Camus, já ouviu falar? Não!!! Marinoni reina!!

Todas as terças e quintas pela manhã, me deparo com a justiça humana. E essa justiça é uma chibata no lombo de cada um de nós, reles mortais e incapazes aprendizes. É uma chibata na medida em que dói ser julgado. A sentença arde e corta nossas peles jovens e frágeis, fazendo jorrar o temor, o temor da sentença do julgamento dos homens, a condenação perpétua.

Todos saem de sua aula temendo. Temem ficar cara-a-cara com os outros, os alheios.

Professor, fazes perguntas que muitos de nós sabem responder, mas que por temor do julgamento, do seu e do restante dos não tão companheiros, calamos. E eu sei que o senhor não consegue suportar o silêncio. Silenciar também dói. Tampouco aceita o erro. Sento assim, eu pergunto: Por que o senhor existe? O senhor é um grande erro e nos induz a ele através do martelo. Bata o martelo, professor. E, antes de nos condenar, condene a si mesmo, condene suas infiéis classificações e quadro de valores ultrapassados. Condene sua conduta e sua voz contraditória. Condene-se!



Pois bem, perdoe-me pelo tom.
Peço desculpas também pelo pequeno “acervo” de livros que tenho. Perdão por nunca ter lido uma “obra” de Pontes de Miranda!!!
É que Nietzsche, Camus, Schopenhauer, Rilke, Yalom, Hesse, Sartre, Dostoiévski, Tolstoi, Sócrates e Saramago ocupam demasiadamente minhas tardes. E Beethoven, Tchaikovsky, Vivaldi, Strauss, Mozart, Bach e Albinoni me pegam pelas mãos, à noite.

Perdoe-me por não me interessar por aquilo que o senhor tem como paradigma. Ah! O senhor não sabe o que é paradigma? Paradigma é Pontes de Miranda, Nelson Néri Júnior, Luiz Guilherme Marinoni e Cândido Rangel Dinamarco.
Desculpe por romper, literalmente, seus paradigmas!
Mas é que o tédio é ácido e o sono é tão materno...

Absolva-me de ter de ser como você!!
Livra-me dos teus pensamentos mesquinhos e ocupações imersas na lama!
Poupa-me das tuas palavras vazias e teu método exausto de rouco cantor mexicano!

Hoje, condeno-te à castração! Rumo ao celibato! Não mais reproduzirá alunos! Chega de dar a luz a Harpias!
O senhor está fadado à esterilidade estudantil!

Considere-se privilegiado por eu não adotar Hamurabi como paradigma. Se bem que no fim, é olho por olho, dente por dente.

21/03/06