domingo, 23 de setembro de 2007

Escalei o muro da vida.
Do alto, enxerguei com clareza aquilo que os baixos não vêem.
Vi o céu a pesar sobre a minha cabeça, enquanto os pássaros, ao meu lado, observavam calmamente a ilusão dos que permanecem abaixo.
Escalei o muro da vida, fugindo das vespas que insistiam em me perseguir.
Tenho marcas por todo corpo como prova de suas traições.
Alimentava-as com mel e deixava-as abrigadas em mim.
E no entanto, era pouco.
Como confiar se é, da natureza delas, ferir?
Ainda sinto as picadas na veia, fui envenenada.
Fugi. Mas, não por medo, por exaustão!
Cansada de viver rodeada por vespas, escalei o muro da vida e, aqui, permanecerei eternamente observando a tristeza de não se poder ser nada além de vespa.
O que há do outro lado do muro? Aquilo que só quem está acima pode enxergar.
Aquilo que essas vespas, em especial, não possuem: Asas!
Sei que um dia, hei de descer do muro e me juntar novamente às vespas.
Será o dia em que cairei com perfeição e o abismo me acolherá com seus braços fraternos.
Neste dia, será proclamada a minha independência.
Não mais farei parte da sociedade impostora das abelhas.

01/2006