domingo, 23 de setembro de 2007

Besteirinhas de posse, poder e revoluções

....A...M...O....I....R....L.....É.....E...I.....N....L...A...U...S...Ã....O .


"Todo poder emana do povo e em seu nome será exercido”

Muito antes do capitalismo canibal, a noção de propriedade já estava embutida no inconsciente humano. Ter é e sempre foi uma necessidade. Tem-se fome. Tem-se sede. Tem-se sono. Têm-se vontades.

A partir do momento em que o hominídeo atribuiu valores às coisas e cristalizou o egoísmo, tornando-se homem, a distinção entre aquilo que é meu, teu e seu, foi concebida.
Nasce, pois, a propriedade privada e o poder social.
Tudo aquilo que é fraco, oprimível e lento será propriedade de algum senhor. Assim é a religião. E assim se faz o poder, sendo esse, invisível.
Todos somos prisioneiros do poder invisível. Todos exceto aquele. Esses são escravos, meros capatazes de seus egoísmos e vontades. Servos de suas rebeldias. Até mesmo os proprietários de territórios. Esses são cães. Cães defensores do osso e do ócio. Cães domesticáveis.
Agora, aquele... aquele é o único que subjuga todos os cães e escravos. O Filósofo é o único detentor do verdadeiro poder: a sabedoria, a loucura, o questionamento, a perplexidade!
Voltando a idéia de que sociedade é cárcere e de que o poder provém dessa, todos somos propriedades, escravos. Escravos de nós mesmos por sempre ansiarmos por algo. Somos servos dos nossos desejos, assim sendo, somos egoístas. Somos estuprados todos os dias por essa verdade.

Eis que surge a real idéia da palavra AMOR.
Sentimento de posse, desejo, poder, egoísmo e estupro.
A visão de que o amor é altruísta, benevolente, é falsa e ditada por escravos do poderio para que cristos pudessem existir. Mas quem sobe nas cruzes, somos nós. A conduta altruísta é contraditória. Prega a utilidade pública, o amor ao "próximo", para que assim exista a possibilidade de possuir o "próximo", dominá-lo. O amor ao "próximo" é a base do egoísmo sentimental. Como pode existir o querer bem à outrem se objetivo primordial da vida é a extinção? Não. Não se quer o bem à outrem. Quer-se o próprio bem. Só há uma espécie de amor: o amor próprio. O amor ao ego. E o que nos é mais delicioso que sugar e saciar por completo aquilo que consumimos?

"O Amor é cego". Não.

Nós é que somos. Amor é poder, portanto, invisível. E o amor é a forma mais perfeita e suprema de poder porque envenena, cega e mata. O amor é o narcótico mais alucinógeno e deles somos usuários dependentes. Atribuímos à ele o sentido de nossa existência, sem percebermos a versão hollywoodiana que lhe é dada.

"...Amor é fogo que arde sem se ver
É ferida que dói e não se sente..."

Querem prova maior do que a poesia pra justificativa de que o amor é criação humana? E, por assim ser, idolatremos a nossa criação! Vamos dizer ao mundo que criamos algo positivo e que não queremos exterminar ninguém!
Todo amor emana do povo e em seu nome será exercido! Assim como todo o poder, assim como todo o cárcere, assim como toda vontade, assim como toda criação. Posto que toda criação é ilusão, é ficção. Amor é ficção. Poder é ficção.

Todo egoísmo emana do povo e esse é o culpado por sua própria desgraça.


Assim sendo, somos todos destinados, acostumados e viciados a subordinarmo-nos à uma força maior, controladora e toda-poderosa. Eis que surge o real conceito de deus.
De-EUS, vários eus... NÓS.
O que dizem os tolos sobre a existência divina e a finalidade do ser? "Não sei, só sei que foi assim" ou "Tudo que sei é que nada sei". Bobagem!! Saber que não se sabe de algo já é, por si, um saber. Saber que foi assim, também é um saber.
Atribuímos sentidos às coisas e se nada formos, ainda assim somos algo: o nada. O nada também tem sentido de ser.
O fato é que todos se deliciam com a prerrogativa de que tem de existir uma entidade além, uma força suprema que paire sobre nós, meros mortais. Esse é o ponto! Por que deve existir?
Porque somos esmagados, todos os dias, por instituições que nos governam. Estamos acostumados à dominação, à manipulação. E no entanto, como é difícil admitir isso!! Por isso deve existir!! Porque há anos que o "deve" e o "não deve" está entre nós. E, cá entre nós, é interessantíssimo para alguns, que pensemos assim. É útil, da mesma forma que as condutas morais impostas (mesmo que contraditórias) o são. Porque inibe o homem comum ao poder e o torna fraco e cômodo, sem habilidade para revoluções.
Eu tentarei aqui, ensinar-vos o método revolucionário.
Só há revolução quando revelada uma verdade que modifica o cotidiano. A necessidade que se tem de abandonar os antigos conceitos e planejar fugas para novas realidades é imensa. Só há revolução quando há libertação. E o revolucionário clama pela libertação do "próximo". Esse é o substantivo menos egoísta que existe.
Aqui está o meu apelo: procurar livrar sempre dos confinamentos da corja. Andar pela rota contrária ao covil. Reavaliar sempre todos os valores e condutas até então pregados.
Questionar as imposições e as prisões perpétuas. Filosofar!
A finalidade do ser é ser o não-ser para que outros sejam. Talvez devêssemos nos reverenciar a isso para aprendermos o real significado do sentido. Mas isso só seria possível se alguém o fizesse por nós, porque para nós, os revolucionários, foi dada como primeira, a ordem suprema: viver.